A SGA original foi desenvolvida como uma ferramenta a ser utilizada por um profissional – originalmente o médico, mas, entretanto, estendeu-se à realização por outros profissionais, como é o caso de dietistas e enfermeiros.
Existem duas razões-chave pelas quais os criadores da PG-SGA© utilizaram o (auto) input dado pelo doente, em vez da abordagem comum pergunta-resposta.
1) Utilização Apropriada do Tempo Limitado do Profissional
Os profissionais concordarão que o estado, a avaliação e a intervenção nutricional são importantes, mas, infelizmente, se o tempo for limitado, a triagem/ avaliação nutricional tende a ser igualmente limitada na sua abrangência, ou mesmo excluída da visita clínica.
A utilização da PG-SGA© permite ao doente preencher esta informação importante enquanto espera pelo profissional antes da visita (na sala de espera, na sala de exame, ou em casa, no dia da visita). Esta abordagem serviu dois propósitos. Primeiro, garante que a avaliação nutricional é incluída na visita do doente e, segundo, simplifica a visita e serve para melhorar os resultados dessa interação. Em vez de se gastar o tempo limitado do profissional com perguntas, a PG-SGA© permite ao doente identificar questões que necessitam de ser abordadas pelo profissional durante a interação.
Uma vez que existem numerosas publicações e investigação que apoiam a importância da condição nutricional, particularmente o estado proteico e/ ou o estado dos tecidos, como importantes preditores do resultado clínico, é imperativo que a nutrição seja incluída em todas as visitas do doente, particularmente em condições médicas catabólicas crónicas e potencialmente incapacitantes, incluindo cancro, VIH/SIDA, doença pulmonária e cardíaca crónica, trauma, condições/ tratamentos como terapia de radiação cerebral, terapia de malignidades hematológicas, ou exacerbações de doença intestinal inflamatória em que altas doses de corticosteroides sejam usadas durante vários dias, etc.
Alguns profissionais poderão considerar que a única forma de parar a perda de peso catabólica é a de “tratar e curar”, ou “remover” a causa subjacente ao catabolismo. Embora esta seja uma componente importante, um indivíduo pode perder quantidades de peso muito significativas (por ex. predominantemente massa de tecido magro e comprometimento do estado proteico com imunodepressão associada) até que seja atingido esse objetivo.
2) Envolvimento do Doente – identificação e domínio.
O envolvimento do doente permite chegar ao cerne do problema.
Na validação das pontuações, em 1996, a qual envolveu 2,150 doentes e 55 centros, mais de 1/3 dos profissionais declararam que a utilização da PG-SGA© mudou a sua apreciação do risco nutricional ou défice nutricional tratável. Os avaliadores participantes no estudo eram dietistas (52%), enfermeiros (40%), médicos (0.1%) e outros (8%).
É importante o facto de a PG-SGA© envolver o doente no processo clínico e isso devolve-lhes algum do controlo que eles possam sentir ter perdido com a sua condição de doentes. Com os doentes a preencherem o formulário, obtêm-se a informação na perspetiva deles, podendo ser identificados sintomas dos quais nem a família nem os profissionais tinham conhecimento (talvez devido a algum embaraço ou por não quererem “queixar-se”). Além disso, se a lista de verificação estiver na língua materna do doente (o objetivo de longo prazo da app multilingue), a capacidade de o doente fazer parte dos cuidados pode ser significativamente aumentada.